O livro de Gênesis inicia dizendo que Deus criou os céus e a Terra perfeitos, porém, no versículo 2, lemos que a Terra estava caótica e em trevas. Isso parece um paradoxo, uma vez que como pode Deus criar os céus e a Terra e ela estar sem forma e vazia? A resposta está a partir do versículo 3, quando são dadas informações adicionais acerca do processo de criação da Terra com alguns pormenores.
“E disse Deus: Haja luz e houve luz. E viu Deus que era boa a luz. Fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia e às trevas, Noite. E foi a tarde e a manhã o dia primeiro.” (Gn 1.3-5)
É a partir desse cenário que começaremos a trazer um pouco de informação acerca de cada dia da criação da Terra. Por isso, estamos iniciando o nosso estudo pelo primeiro dia da criação.
Antes que houvesse qualquer coisa, Deus começou a criar todo o sistema planetário a partir do nada, dentro de um projeto que Ele mesmo elaborou e executou. Como as coisas foram acontecendo paulatinamente, o versículo 2 do primeiro capítulo de Gênesis nos informa que a Terra era (ou estava) sem forma e vazia, até que fosse concluída.
Às vezes, temos uma impressão errônea acerca do processo da criação da Terra feita por Deus, achando que Ele é “mágico”, pois a Bíblia nos informa que Deus disse: “haja…” e tudo aconteceu, como na história do gênio da lâmpada. Note, não estamos a limitar o poder criacionista de Deus, porém esse processo não foi tão simplista como parece. Deus é projetista, arquiteto e criador de todo o universo e o fez de uma maneira lógica, síncrona e harmônica. Quando Deus começou a criar a Terra, ela ainda era sem forma e vazia. Foi necessário ir dando forma às coisas aos poucos. Diante do caos em que o nosso planeta se encontrava, Deus teve como prioridade criar a luz no primeiro dia. Porém, que luz era essa e que primeiro dia foi esse, visto que o que separa um dia do outro é a presença alternada do sol e da lua?
Sendo assim, vemos que a primeira luz criada foi a luz cósmica proveniente de todo o espaço sideral criado por Deus. Nesse período, foram criadas as galáxias e os sistemas solares existentes no universo. Cada planeta foi cuidadosamente criado e estabelecido por Deus com sua massa molecular, gravidade e atmosfera. Essa luz era a luz cósmica proveniente da produção de raios cósmicos, que são partículas extremamente penetrantes, que têm grande quantidade de energia. Essa energia pode se deslocar a uma velocidade muito próxima à da luz no espaço sideral.
Há mais de 80 anos, o projeto Pierre Auger tem se dedicado a investigar as partículas de energia da luz cósmica. Muito tempo depois de a Bíblia ter anunciado o processo criativo da luz cósmica, os cientistas chegaram à conclusão de que, quando uma partícula carregada colide com as moléculas da atmosfera, ocorre o fenômeno conhecido como fluorescência atmosférica. Esse fenômeno é possível ser observado em noites sem luar usando-se equipamentos chamados fotomultiplicadores. Essa luz pode ser vista por causa do nitrogênio, que é o principal componente do ar e que emite uma luz azulada. Dessa forma, os raios cósmicos continuam sendo a única fonte de partículas com alta carga de energia.
Foi nesse primeiro dia que Deus criou essa luz. Embora a Bíblia o chame de primeiro dia, esse dia refere-se ao primeiro dia de Deus e não ao primeiro dia do homem. Note que, até então, ainda não havia o dia e a noite, pois essa luz ainda não era tão intensa para iluminar a Terra. A luz cósmica provinha dos demais planetas e estrelas situados a milhares de anos-luz de distância da Terra.
Deus resumiu todo esse processo de criação do universo, bem como a sua luz, como sendo o seu primeiro feito no primeiro dia.
Na época em que foi revelado esse processo, o homem não tinha as mínimas noções científicas para compreendê-lo nem equipamentos para verificá-lo. Esse período de tempo, chamado de primeiro dia, vai muito além do que podemos imaginar, visto que, para Deus, o seu tempo não é contado como o nosso. Ele não está sujeito ao nosso tempo, pois é eterno.
“Verdadeiramente, mil anos aos teus olhos, são como o dia de ontem, que já passou, e como as poucas horas das primeiras vigílias da noite”. (Sl 90.4)
Algumas pessoas têm dificuldade de entender a comparação acima feita pelo salmista, porque aquela comparação mostra que mil anos do homem pode ser como um dia para Deus, isto é, para Deus não existe dia, nem noite, nem anos. Por isso, quando lemos que a luz ocorreu no primeiro dia, isso quer dizer que, no tempo de Deus, a primeira coisa que Ele fez foi a luz proveniente do espaço sideral.
Assim, para dar uma dimensão das fases da criação de Deus, Ele os separou em dias segundo o Seu tempo e não de acordo com o tempo do homem. Deus, se revelando ao profeta Isaías, assim falou:
“Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá?” (Is 43.13)
O universo era apenas uma massa escura, à qual não existia luz para a sua iluminação. Foi a partir da criação dos corpos celestes que a luz passou a brilhar no cosmos. Alguns planetas têm a sua luz própria, porém outros, como o nosso, não têm a sua própria luz, por isso dependem da luz externa à sua massa.
Quando lemos no versículo 3 do capítulo 1: “E disse Deus: Haja luz e houve luz”, temos a impressão de que Deus falou e, logo imediatamente, aconteceu o clarão e, agora, as trevas foram dissipadas. Precisamos levar em conta que na infinitude do universo, a nossa Terra é apenas mais um planeta que integra todo o sistema universal e que, hoje, o universo possui alguma luz, por causa dos corpos celestes que emanam as suas próprias luzes. Logo, o clarão, que imaginamos como num dia ensolarado, só ocorreu após o aparecimento dos corpos celestes para o nosso planeta. A nossa luz ainda não era tão intensa como quando o Sol passou a brilhar para nós. Maiores detalhes a respeito dessa luminosidade serão dados quando chegarmos ao quarto dia, quando teremos a aparição do sol, da lua e das estrelas para a nossa Terra.
O estudo completo pode ser obtido no livro A idade do homem na Terra. Clique aqui.
Eliezer Guedes – Pastor e professor na Assembleia de Deus em Águas Claras – Brasília – DF. Email: eliezersguedes@gmail.com
Toda essa complexidade que vemos em tudo que Deus criou revela como foi planejada e muito bem organizada a sua criação. Esse estudo ajuda a entendermos que Deus com todo o seu poder e autoridade sobre todas as coisas, só precisou exercer esse poder e autoridade sobre as coisas que haviam, que Ele mesmo criou, para transformá-las e fazer existir todas as demais que desejou criar. Não foi mágica, mas poder e autoridade sobre todas as coisas que existem no universo.
Obrigado pelo comentário. Ao longo da História, temos visto uma visão equivocada do princípio da criação, por isso, é preciso parar um pouco e analisar que Deus é o Senhor todo poderoso que fez todas as coisas de forma organizada e planejada.
Muito interessante esse insight sobre a criação da Terra. É sempre bom saber mais sobre a criação, ainda mais com esse estudo mais aprofundado do tema. Ansioso pelos próximos dias!
Obrigado, meu amigo. Os próximos estudos também serão fantásticos, pois mostrarão alguns aspectos que pouca gente se atenta para observar.
A leitura de Gênesis é muito simplista, foi recebida por tradição oral até moises que a publicou, e com isso muita informação se perdeu, ainda assim, ela é suficiente para nossa compreensão e fé
Hoje com o estudo científica fica cada vez mais claro que o haja não foi como o pastor falou bem obra de mágica, mas fruto de uma criação como princípio básico da palavra.
Deus fez tudo com calma e perfeição de forma q há um lapso temporal enorme entre os versículos 1 e 2 de Genesis 1.
Muito bom o texto!!!
Obrigado pelo comentário. O livro de Gênesis e o princípio de tudo não foram escitos para provar cientificamente que Deus criou todas as coisas de forma lógica e racional. Isso foi escrito para dar uma ligeira noção do que foi criado por Deus. O problema de alguns estudiosos atuais é que eles querem que tudo esteja pormenorizado cientificamente. Se não for assim, para eles não tem valor. Ess início foi deixado inicialmente para o povo de Israel que acabara de sair de um período de escravidão e que só precisava saber que o Deus que eles estavam seguindo era o Deus verdadeiro, que criou os céus e a terra e que os escolheu por meio de uma promessa feita a Abraão. O objetivo bíblico não era para provar ou não a existência e o poder de Deus, mas para fortalecer a fé daquele povo.
Pastor Eliezer, parabéns pela coragem em enfrentar um conteúdo tão misterioso e complexo.
O desafio é harmonizar a Bíblia com o processo da criação, visto que, criaçãao feita por Deus, todos se identificam por processos, visto que são ações dinâmicas e microevolutiva.
Nesse primeiro capítulo você deu foco à luz. Muito bem! Longe de mim questionar qualquer ponto de análise. Porém, as luzes que você identificou e analisou, são correspondentes `própria pessoa de Deus. Deus é luz! Logo, as demais luzes são complementares provenientes da mesma fonte: Deus. O “Haja luz” é parte integrante de um conjunto quase infinitamente múltiplo (inclusive, aa pessoa de Jesus, a luz do mundo) que recebeu a ordem expressa da voz de Deus em (re)organizar-se. Haja luz é a (re)distribuição do que não correspondia à satisfação de Deus no “haja” espaço, “haja” tempo, “haja” intensidade, “haja” características, “haja” funcionalidade.
Detalhe: o “Haja” do verso primeiro não é anterior ao “Eu sou” na ontologia divina. Esse haja é a oposição às trevas, e, Deus assume a guarida das luzes em sua própria pessoalidade.
Após o “haja” inicial, o Altíssimo Deus “é” luz, restando ao príncipe das trevas, o reino das trevas.
Obrigado, meu amigo. O objetivo de tratar desse assunto tão complexo, e que foi colocado de maneira tão simples na Bíblia, é para mostrar ao leitor que o processo criativo de Deus em relação a este mundo vai muito além do que a nossa mente possa alcançar. Por mais que o homem tente desqualificar que a origem de tudo se deu em Deus, não há como negar que tudo teve um princípio e esse princípio teve um criador e esse criador é Deus.