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5 – Os seis dias da criação

O livro de Gênesis inicia com a seguinte frase: “No princípio criou Deus os céus e a Terra.” (Gn 1.1). Logo em seguida, em Gênesis 2.2, a Bíblia nos diz que Deus criou todas as coisas em seis dias e, no sétimo, descansou.

Nesta postagem, vamos discorrer um pouco sobre o processo criativo de Deus nesses dias em poucas palavras, a fim de dar uma ideia, mesmo que sucinta, mas que nos traz um pouco de esclarecimento acerca de como se deu a criação em cada dia, bem como, o tempo que levou para que cada dia fosse completado.

Embora algumas pessoas defendam a ideia da criação ter ocorrido em seis dias literais de vinte e quatro horas, veremos que os eventos ocorreram em seis fases geológicas, ou seja, em seis eras, às quais Deus chama de dias.

Atualmente, há duas teorias acerca da idade da Terra: a teoria da “Terra antiga” – que concorda com as descobertas científicas, às quais argumentam que a Terra tem por volta de quatro bilhões e meio de anos – e a teoria da “Terra jovem”  – que data a Terra com cerca de dez a vinte mil anos. Esta última teoria afirma que os processos de datação científicos estão equivocados.

É importante observar que, em relação ao tempo, há duas palavras relacionadas a ele: Chronos (tempo do homem na terra, que pode ser medido pelo relógio) e Kairós (o tempo baseado em Deus). Como Deus não está limitado ao tempo do homem, para Ele não existe o dia e a noite nem, tampouco, o tempo medido pelo relógio. Assim, temos que diferenciar entre o tempo do homem e o tempo de Deus, que são infinitamente diferentes. Por isso, neste estudo, discorreremos sobre a teoria da “Terra antiga”, a qual se apoia na tradução da palavra hebraica yôm (dia). Embora a palavra yôm signifique dia, nem sempre na Bíblia ela representa um dia de 24 horas. Isso vai depender do contexto em que esteja sendo empregado. No caso do Yon kipur (Dia do perdão), esse dia era celebrado uma vez no ano, quando o sacerdote entrava no santo dos santos para oferecer sacrifícios por si e pelo povo, para obter o perdão de Deus.  Algumas vezes, ela representa, literalmente, um dia do tempo humano de 24 horas, porém, outras vezes, o dia (yôm) representa um dia indeterminado, pois representa um dia qualquer ou uma época do tempo de Deus, como  veremos em algumas referências bíblicas mencionadas a seguir:

“Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus” (Gn 2.4). (Qual foi o dia que Deus fez os céus e a terra?)

“As riquezas de sua casa serão transportadas; no dia da sua ira todas se derramarão” (Jó 20.28). (Qual é o dia da ira de Deus?)

“O Senhor te responda no dia da tribulação” (Sl. 20.1). (Quando é o dia da tribulação?)

“Se te mostras fraco no dia da angústia, a tua força é pequena” (Pv 24.10). (Quando é o dia da angústia?)

Sei que é um pouco difícil de convencer aqueles que creem no processo da criação em dias literais de 24 horas de que não foi dessa forma, porém veremos que, embora o livro de Gênesis fale de dias com tardes e manhãs, temos que levar em consideração a seguinte pergunta: quem contou o tempo do primeiro ao sexto dia, visto que o homem só foi criado no sexto dia? O dia de 24 horas existe para nós, que estamos sob o manto da esfera terrestre, porém Deus está em outra esfera e não está sujeito ao nosso tempo cronológico, isto é, Deus não tem relógio para marcar as horas, os dias, os meses e os anos. O homem conta o tempo aqui na terra, porque está sujeito aos movimentos de rotação e translação da Terra, o que gera uma contagem cronológica que pode ser medida. Deus não está dentro de uma “caixinha”, sujeito às mesmas variações como nós.

Devido ao seu atributo da eternidade, Deus vê o passado, o presente e o futuro ao mesmo tempo, porém utilizou-se de uma linguagem humana para se fazer entender aos homens de que Ele criou todas as coisas dentro do Seu tempo e, a cada tempo de criação, os chamou de dias. Note que, nem tudo na Bíblia é literal, pois algumas vezes, são utilizadas figuras de linguagens, para que o homem possa compreender melhor sobre quem é Deus. Um exemplo disso, vemos nas passagens abaixo:

“E, havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera”. (Gn 2.2,3)

“Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando o sábado nas suas gerações por concerto perpétuo. Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e, ao sétimo dia, descansou, e restaurou-se”.  (Ex 31.16,17)

Será que Deus se cansa? Se Ele se cansa, deixa de ser Deus, porque Deus é espírito. Ele nunca se cansa. Então, por que a expressão: Deus descansou no sétimo dia? O livro de Gênesis foi escrito, inicialmente, para o povo judeu que acabara de passar longos anos como escravos no Egito. Sendo assim, eles não tinham férias, nem período de descanso. Foi necessário Deus estabelecer ao povo um dia para o seu descanso, descanso para os seus servos, para os seus animais e também um descanso para a terra. Nesse dia de descanso, o povo deveria dedicar-se à família e ao culto de adoração a Deus. Dessa forma, Ele utilizou-se de uma linguagem figurada, para mostrar que “até Ele” descansou. Deus não é homem para se cansar e descansar. Este dia de descanso foi estabelecido por causa do homem e não por causa de Deus.

Sendo assim, vemos que o dia do sábado, embora seja um dia literal de 24 horas (Yôn), ele é um dia específico, ao passo que os dias da criação (com a mesma palavra Yôn) são dias do tempo de Deus e não do homem, pois, quem contou o tempo antes da criação do homem foi Deus. Nessa época, ainda não havia o tempo cronológico, pois não havia quem o contasse. Somente após a criação do homem, o tempo passou a ser contado na terra. Um grande exemplo disso, vemos em Gn 1.16-20, quando Deus criou o sol, a lua e as estrelas para fazer separação entre o dia e a noite, e para fazer a contagem do tempo das estações. Como poderiam ter sidos contados os três primeiros dias, se os astros referenciais para a contagem do tempo só vieram à tona no quarto dia?    

Dessa forma, podemos ver que os dias da criação mostrados em Gênesis 1 não decorrem de dias literais de 24 horas e sim, dias do próprio Deus, conforme lemos nas referências abaixo:

“Verdadeiramente, mil anos aos teus olhos, são como o dia de ontem, que já passou, e como as poucas horas das primeiras vigílias da noite.” (Sl 90.4)    

“Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia.” (2Pe 3.8)

Note que o comparativo do tempo de Deus em relação ao homem é totalmente adverso um do outro. Isto não quer dizer que um dia de Deus é mil anos, isto pode representar um tempo inimaginável do tempo humano.

Nós cremos, pela fé, que os mundos foram criados pela palavra Deus (Hb 11.3), porém não podemos deixar de crer que Deus é sábio, organizado, planejador e não é mágico. Embora tenha a capacidade de trazer à existência o que não existe, Ele também planejou, arquitetou e executou todo o seu plano de criação de uma forma que tudo o que existe em harmonia, não foi feito dentro de um “passe de mágica”, mas dentro de um tempo de planejamento e execução. Por isso, à medida que as coisas iam acontecendo Ele dizia que aquilo que fizera era bom, ou seja, estava dentro daquilo que foi planejado.

Eliezer Guedes – Pastor e professor na Assembleia de Deus em Águas Claras – Brasília – DF.

Email: eliezersguedes@gmail.com

Este post tem 2 comentários

  1. Catarina

    Que material rico em informações com base na palavra, muito excelente! Deus continue abençoando sua vida pastor Eliezer!

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